Fazendo 28 anos de idade

Não morri aos 27, pelo menos não totalmente.

2019 foi um ano horrível: fiquei até agosto desempregado e depois acabei aceitando um trabalho bem abaixo das expectativas que tinha na época em que deixei meu emprego anterior, mas claro, naquela noção de que o Brasil está em crise e os direitos trabalhistas estão sendo tratados como praga, ser contratado com carteira assinada está dentro das condições aceitáveis de humanidade. Morreu o pedaço de mim que se achava o floco de neve especial que pensava que merecia um emprego de acordo com minhas “capacidades”. Nasceu o Sérgio que sabe que não merece porra nenhuma, que tive sorte, fui privilegiado, ou abençoado (escolha aí teu termo favorito) em fazer uma faculdade empurrando com a barriga, em trabalhar seis anos num lugar que aceitava eu não dar a metade do meu melhor, em ter pais com boas condições de moradia que me permitiam viver uma vida boa, fazendo meu salário ser como uma mesada livre de compromissos grandes.

Uma parte de mim morreu de overdose de realidade, mas ao mesmo tempo a metáfora pode ser outra, porque essa droga que matou uma noção de esperança que a vida pode ser melhor, também me acordou pra uma vida que poderia ser tão pior do que já é, e se não é pior, com certeza o mérito não é meu. Então há uma esperança de que eu não seja tão desprezível, que eu consiga usar o pouco do aprendizado que tive em 28 anos já vividos pra meu próprio bem, e que no fim de mais um ano de vida, pode ser nesse ou em algum outro, eu veja que fiz algo de bom por mim mesmo.

Porém o amargo que sinto chegando a mais um aniversário é grande. Se eu não fosse eu com certeza daria uma surra em mim mesmo. Como pude ser tão burro e fazer escolhas tão erradas? Espero não descontar isso em ninguém, porque sei que eu que sou responsável. E chegando aos 28 pretendo catar os cacos da minha vida, o que já tenho feito há uns meses, aproveitando as novas chances de viver que me apareceram, incluíndo meu novo emprego (sério, sinto que pago meus pecados naquele lugar, e em cada suor e lágrimas que derramo é uma toxina de pecado sendo expurgado do meu corpo — é bobeira mas é legal contar essas histórias pra nós mesmos) e minha nova fase de relacionamento (estou noivo), ter muita paciência, respirar mais pelo nariz e soltar pela boca, e tentar fazer de toda bagunça nas minhas mãos algo que eu não me arrependa.

Acho que esses são meus desejos de vida: não me arrepender mais, ganhar crédito comigo mesmo pelas minhas escolhas, aprender a confiar no meu poder de julgamento, nem que seja entregando esse poder à Deus, nem que isso signifique não fazer nada, porque acho que meus erros nunca foram por omissão, já que muitos anos de vida não apagam a burrice de alguém, e saber reconhecer tantas coisas boas que ainda acontecem comigo, porque por mais que eu reclame, eu estou encaminhado pra casar e tenho um emprego não por meus méritos, mas porque estou sendo ajudado, e agora é só não estragar isso também.

27 anos de idade: finalmente vi The Office US e amei; me rendi ao som de Marília Mendonça; e agora estou mergulhado no Big Brother Brasil como nunca fiz antes. Se é pra tentar tirar o amargo da vida, que seja com um pouco de doce da distração, se escondendo em entretenimento seguro, e se der pra aplicar algo disso em sua vida prática, ótimo, senão, pra quê? Já tem sido bom se concectar com algo. Ainda me pergunto por que gosto tanto de The Office US e acho que por se aprender a rir mais dos próprios erros, a ver que tem pessoas que não se importam nenhum pouco em se embaraçar na frente dos outros, e por que eu deveria? Pode acreditar, eu sei me embaraçar muito bem na frente dos outros, conhecidos ou não. Sobre a Marília Mendonça: é rock and roll brasileiro e moderno, aquela batida chacoalha mais que muita coisa que se faz hoje, só não percebe quem não quer.

Pra encerrar, se me verem na rua me deem um abraço.

Related posts:

An Anagram is a word or phrase formed by rearranging the letters of a different word or phrase, typically using all the original letters exactly once. For example, the word anagram can be rearranged…

The teachings of Ajahn Chah, a Medium series by Duong Chi

Katalon Studio supports two methods to validate. One is using built-in keywords to verify the states of certain test objects. Another is to use checkpoints to verify a specific data set against a…